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Os 100 mil Cientistas mais influentes do mundo, 5 são do INPE

por INPE
Publicado: Nov 23, 2020
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São José dos Campos-SP, 23 de novembro de 2020

Em 16 de outubro de 2020, o Journal Plos Biology publicou informações sobre uma pesquisa liderada por John Ioannidis, da Universidade de Stanford (EUA), intitulada: "Updated science-wide author databases of standardized citation indicators" - https://doi.org/10.1371/journal.pbio.3000918.
O ranking elaborado com pesquisadores de todo o mundo elenca os 100 mil top cientistas, segundo banco de dados utilizados até 2019. Neste estudo foram usadas análises atualizadas que usam citações da base de dados Scopus com congelamento das informações a partir de 6 de maio de 2020, avaliando cientistas por impacto de citação ao longo da carreira até o final de 2019 (Tabela-S6-career-2019) e por impacto de citação durante o único ano civil de 2019 (Tabela-S7-singleyr-2019).
Dentre os 100 mil top cientistas, 600 são brasileiros ou trabalhavam no Brasil e 5 deles são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. A direção do INPE parabeniza estes pesquisadores que se dedicaram a pesquisa e a suas colaborações, para o engrandecimento do país e da Instituição.
São eles: Mangalathayil Ali Abdu, Walter Demetrio Gonzalez Alarcon, Antônio Fernando Bertachini de Almeida Prado, Dilce de Fátima Rossetti e Rajaram Purushottam Kane (já falecido).

Mangalathayil Ali Abdu

Admitido no INPE em 2 de maio de 1973, é aposentado, mas continua desenvolvendo trabalhos como colaborador voluntário. Graduado em Física pelo Maharajas College (1959), mestrado em Física pelo Maharajas College (1961), Universidade Kerala, e doutorado em Física da Ionosfera - Physical Research Laboratory Gujarat University (1967), Ahmedabad, India. Realizou pesquisa de pós doutorado (1968-71) na Universidade de Western Ontario, London, Canada. Professor Pesquisador no Centro de Rádio Astronomia e Astrofísica (CRAAM), da Universidade Mackenzie (1971-73). Ele se aposentou no INPE como pesquisador sênior, e pesquisador de nível 1A do CNPq.
Dr. Abdu deu uma contribuição fundamental para o desenvolvimento das Ciências Espaciais no Brasil e no mundo, focado especialmente no avanço de nossa compreensão dos processos de interação do sistema atmosfera-ionosfera-magnetosfera. Esteve ativamente engajado no desenvolvimento de instrumentação e de observatórios para pesquisas ionosféricas e de aeronomia no Brasil. Ele coordenou o desenvolvimento de instrumentação de solo e embarcadas em foguetes e satélites para o monitoramento in situ e remoto da ionosfera. Utilizando tais ferramentas de diagnóstico, complementadas por análise de dados e por cálculos através de modelos numéricos, Dr. Abdu liderou o grupo de pesquisa em ionosfera do INPE, o qual fez contribuições fundamentais de impacto global nas áreas da estrutura da ionosfera, sua dinâmica e seus sistemas de correntes, tanto no contexto da região brasileira e sul americana, estendendo desde o equador magnético até latitudes médias, como no que se refere ao acoplamento dessas regiões com os processos das altas latitudes e da magnetosfera.
Um componente importante das atividades profissionais do pesquisador tem sido sua participação ativa no programa de pós-graduação do INPE. Ele supervisionou aproximadamente 30 alunos em nível de mestrado e/ou doutorado. Coordenou campanhas internacionais de observação que contaram com a participação de cientistas de diversos países. Um exemplo foi o International Equatorial Electrojet Year (IEEY) que ocorreu entre 1990 e 1993, que foi patrocinado pela IAGA (International Association of Geomagnetism and Aeronomy).
Com mais de 300 artigos científicos revisados por pares publicados em periódicos e em livros, as contribuições de pesquisa do Dr. Abdu, em colaboração com seus colegas do INPE e de outras instituições no Brasil e no mundo, contribuíram de maneira significativa para o avanço de nossa compreensão de muitos dos fenômenos da física solar-terrestre de uma forma geral e, em especial daqueles relativos ao impacto da ionosfera nos sistemas de aplicação espacial que afetam o nosso dia-a-dia. Entre eles podemos destacar sua contribuição na explicação dos mecanismos de geração da distribuição espacial-temporal das estruturas de plasma da ionosfera equatorial da Terra e sua variabilidade originada diretamente por forçante solar (clima espacial) e por propagação de ondas originadas de fontes perturbadoras em altitudes baixas. Outra importante contribuição da pesquisa do Dr. Abdu foi a descoberta que a Anomalia Magnética da América (Atlântico) do Sul pode desempenhar um papel importante na eletrodinâmica da ionosfera equatorial relacionada à geração e dinâmica das bolhas de plasma, especialmente durante eventos perturbados de clima espacial. Em 2008 o Dr. Abdu recebeu a medalha Vikram Sarabhai, oferecida em conjunto pelo COSPAR (Committee on Space Research) e pelo ISRO (Indian Space Resaerch Organization), em reconhecimento por suas pesquisas inovadoras e por sua ativa colaboração com grupos científicos internacionais. Em 2018 recebeu o Prêmio Mario Acuna, oferecido pela ALAGE (Associação Latino Americana de Geofísica Espacial), por ter se destacado na criação e no estabelecimento de infraestrutura para pesquisa científica em Ciências Espaciais em um ou mais países da América Latina. O Dr. Abdu é também membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP).

Walter Demetrio Gonzalez Alarcon

Admitido no INPE em 6 de janeiro de 1969, atingiu os 50 anos de serviços prestados ao INPE, como servidor ativo. Graduado em Física - Universidad Nacional de Ingenieria (1967), mestrado em Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (1969) e doutorado em Física - University of California - Berkeley (1973). Destacou-se por sua contribuição na compreensão da origem interplanetária das Tempestades Geomagnéticas e do processo de reconexão magnética, que é um dos processos fundamentais em heliofísica. Foi pesquisador associado do Jet Propulsion Lab, NASA (1985-1986) e primeiro presidente eleito da Associação Latino-Americana de Geofísica Espacial (1998-2002). Faz pesquisas sobre magnetosfera terrestre, origem solar e interplanetária das tempestades geomagnéticas, clima espacial e reconexão magnética em plasmas espaciais. Foi cientista/professor visitante nas seguintes instituições: Marshall Space Center, NASA; Goddard Space Center, NASA; Universidade de Michigan; Universidade da Califórnia, Berkeley; Universidade de Nagoya; Jet Propulsion Lab, NASA; Universidade de Roma; Instituto de Tecnologia da Califórnia; Academia Soviética de Ciências; Universidade de Tokyo e Imperial College. Prêmios: OEA (1970), NASA (1986), NOAA (1993), Distinguished Visiting Scientist, NASA, (2002), AGU Space Weather and Nonlinear Waves and Processes Prize (2017). Publicou mais de 240 artigos em revistas científicas (com revisor), com mais de 5500 citações. Seu artigo “What is a geomagnetic storm?”, JGR, 1994, tem mais de 1500 citações. É autor de dois livros da American Geophysical Union. Possui índice H de 36 pelo Web of Science. Orientou diversas dissertações de mestrado e teses de doutorado em temas de física espacial, ajudando a formar uma parcela significativa dos pesquisadores que atuam em temas de Heliofísica no INPE. Em 2012 passou a ser membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e em 2013 passou a integrar a Academia Brasileira de Ciências (ABC). Atualmente é colaborador voluntário na Divisão de Heliofísica, Ciências Planetárias e Aeronomia.

Antônio Fernando Bertachini de Almeida Prado

Admitido no INPE em 3 de outubro de 1988. Graduado em Engenharia Química pela Universidade de São Paulo (1985), bacharelado em Física pela Universidade de São Paulo (1986), mestrado em Engenharia Aeroespacial - University of Texas System (1991), mestrado em Ciência Espacial Mecânica Orbital pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (1989) e doutorado em Engenharia Aeroespacial - University of Texas System (1993). Dentro do mestrado feito no INPE e do doutorado feito na University of Texas at Austin (EUA) entre 1990 e 1993, com orientação do Dr. Roger Broucke, trabalhou em problemas ligados à astrodinâmica de veículos espaciais. Esse é o campo da engenharia espacial que estuda problemas relacionados ao planejamento de trajetórias de veículos no espaço, cálculo de manobras orbitais desses mesmos veículos, definição de órbitas para tipos específicos de missões espaciais, etc.
Entre outros trabalhos desenvolveu um estudo numérico e analítico para avaliar os efeitos da perturbação sofrida por um satélite artificial devido a um terceiro corpo. Esse trabalho pode ser aplicado a satélites artificiais da Terra perturbados pela Lua ou pelo Sol, ou qualquer outro corpo celeste. Esse trabalho foi utilizado por muitos pesquisadores internacionais para diversas aplicações, tais como o desenvolvimento de detectores de ondas gravitacionais, planejamento de constelações de satélites de navegação, estudos de voo em formação, planejamento de missões aos satélites de Júpiter e Saturno, busca por órbitas de longa duração em torno da Lua (em particular para a missão LUMIO), órbitas em torno de asteroides, etc.
Desenvolveu vários trabalhos estudando diferentes formas de aplicar manobras orbitais impulsivas em veículos espaciais para maximizar ganhos de energia, em particular quando combinada com ação gravitacional. Esses trabalhos tiveram diversas continuações feitas por outros pesquisadores, combinando com outros tipos de manobras orbitais, tais como propulsão contínua ou uso de cabos espaciais. Esses trabalhos também foram usados no planejamento de missões a asteroides e outros corpos do Sistema Solar.
Foi Chefe da Divisão de Mecânica Espacial e Controle entre 2009 e 2015. Membro do Comitê de Assessoramento do CNPq em Engenharia Mecânica, Naval e Oceânica e Aeroespacial entre 2013 e 2015, tendo sido presidente do Conselho entre 2014 e 2015. Elaborou pareceres para agências de fomento nacionais e internacionais (CAPES, CNPq, FAPESP, Swiss National Science Foundation, etc) e para mais de vinte periódicos nacionais e internacionais. Participou de chamadas internacionais elaboradas pela NASA. Possui 54 auxílios à pesquisa, 23 bolsas nos pais e 5 bolsas no exterior concluídas na FAPESP e mais de 50 auxílios concluídos nas agências de fomento nacionais CNPq e CAPES. Obteve o “Selo de Qualidade” como coordenador de projeto INCT do CNPq na chamada de 2014. Coordenador Geral da Pós-Graduação do INPE entre 2007 e 2020. Atualmente é docente do Curso de Engenharia e Tecnologias Espaciais, pesquisador PQ1A do CNPq.

Dilce de Fátima Rossetti

Iniciou suas atividades como pesquisadora no Museu Paraense Emílio Goeldi em 1988 e recebida no INPE em 2004. Graduada em Geologia pela Universidade Federal do Paraná (1985), mestre pela Universidade Federal do Pará (1990) e PhD pela Universidade do Colorado em Boulder (1996), Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências, Pesquisadora 1A do CNPq, assessora do Comitê Científico do CNPq por duas gestões e foi vice-presidente da Associação Internacional de Sedimentologia. Atualmente é pesquisadora titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e sua pesquisa visa compreender como as paisagens evoluíram ao longo do tempo e quais os fatores que controlaram suas mudanças no tempo e espaço, com enfoque principal em áreas amazônicas. Destacam-se suas contribuições científicas integrando dados geológicos e de sensoriamento remoto na análise dos impactos de atividades tectônicas e de oscilações climáticas na evolução dos ambientes amazônicos. Aplicar essas informações para discutir a distribuição da biodiversidade nesse ecossistema tem sido também sua preocupação nesses últimos anos. Uma de suas publicações mais citadas remonta a 1999, quando ainda desenvolvia seu doutorado. Esse artigo, publicado na Sedimentology e que trata do registro geológico de terremotos ocorridos há milhões de anos na Amazônia, foi bastante referenciado na literatura internacional, porque contém descrições inéditas que auxiliaram no reconhecimento de eventos sísmicos similares em muitas outras partes do globo. Uma outra publicação que merece menção foi apresentada na revista Quaternary Research em 2005. Esse artigo enfatizou a importância de incluir dados geológicos na análise da biodiversidade da Amazônia, tendo recebido o prêmio de artigo mais citado no período de 2005 a 2010 publicado editora Elsevier. Em 2019, destacam-se seus artigos sobre mudanças ambientais causadas por abalos sísmicos, que determinaram a destruição local da floresta amazônica ou sua substituição por vegetação de savana.

Rajaram Purushottam Kane (já falecido)

Admitido no INPE em 2 de maio de 1978, também foi um dos pesquisadores com maior longevidade em sua carreira científica. Graduado em Física - Agra University (1944), mestrado em Physics Spectroscopy - Banaras Hindu University (1946) e doutorado em Cosmic Ray Physics - Bombay University (1953). Ele participou como jovem doutor do lendário "Ano Geofísico Internacional" em 1957 (quando surgiram os World Data Centers e também quando houve o lançamento do primeiro satélite artificial - Sputnik 1). Foi homenageado por ocasião dos 50 anos do Ano Geofísico Internacional, quando celebramos o "Ano Heliofísico Internacional" (2007-2009). Essas celebrações são, de certa forma, a gênese da nova Divisão de Heliofísica, Ciências Planetárias e Aeronomia do INPE. Um fato peculiar que ele sempre contava era que ele foi testemunha ocular da conversa entre John Simpson e Ludwig Biermann, quando ele era pós-doutorando na Universidade de Chicago. Dessa conversa, John Simpson teria decidido contratar Eugene N. Parker para provar que não poderia existir o Vento Solar. Parker provou justamente o contrário, de forma teórica, que seria comprovado 2 anos depois por observações, o tornando (Parker) um dos mais importantes cientistas espaciais da atualidade (a sonda da NASA "Parker Solar Probe" é uma homenagem a ele, sendo a única sonda da NASA nomeada em homenagem a um cientista ainda vivo). Kane assistiu o início desta história. Publicou mais de 300 artigos em periódicos, atuando principalmente nos seguintes temas: solar indices, indian monsoon e stratospheric ozone, uv, uvb.

O estudo "Updated science-wide author databases of standardized citation indicators" pode ser obtido livremente e as tabelas podem ser baixadas em: https://journals.plos.org/plosbiology/article?id=10.1371%2Fjournal.pbio.3000918&fbclid=IwAR1LBmD2R
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